25 de setembro de 2011

Maldito vento, maldito física e maldita novela mexicana.

Decepções, arrependimento, remorso, saudade, e como acompanhamento de um louco desesperado, vem a vontade de se matar. Toma todos os calmantes que há dentro do fundo da gaveta, sem avisar à ninguém da família que corre risco de morrer por overdose. Então você engole os comprimidos, sente o coração bater mais rápido, começa a suar, e pensa: “Pronto, vou morrer mesmo! Mas eu não quero isso pra mim! Socorro o que que eu faço?!” Daí você assusta a família inteira, recebe uns puxões de orelha, é chamado de desequilibrado, é obrigado a tomar injeções. E começa a perceber que essa não é a melhor ideia para se suicidar, aliás você percebe que não queria se suicidar na verdade.
Depois de algum tempo você supera tudo, não tem mais vontade de se matar e nem mesmo de se automutilar, você percebe o sentido da vida, tem aquela maior vontade viver, e consegue enxergar felicidade até mesmo nos seus defeitos. Que vida bela, cor de rosa, que A-LE-GRI-A! Então os quilômetros decidem me distanciar das pessoas que eu convivi durante muito tempo, ele decidi criar barreiras, e ainda escreve grande na minha testa a palavra saudade. Ok, eu consigo superar isso também, além é claro da saudade de saber que nunca mais poderei ver/ouvir a voz/sentir o cheiro da pessoa que eu mais amo, a pessoa que me levou para conhecer lugares novos, que trazia livros de presente, que deixava eu tomar sorvete com pneumonia, que trazia cookies de chocolate na hora do almoço, que chegava de viagem com a barba por roçar no meu rosto, que me levava para viajar, meu amigo, meu companheiro, a pessoa que me gerou. Você tenta enterrar tudo com blocos de concreto, tenta não lembrar de nada, deixa tudo guardado em uma caixa velha trancada às chaves. Mas o vento, o vento que era meu amigo, meu companheiro, meu refúgio, meu PONTO DE PAZ, decide trazer as lembranças que deixei trancada ás chaves e enterrada com blocos de concreto, mas o vento então (até o vento!), trai a minha confiança, trazendo todas elas de volta como pedra na minha cara, eu me desvio sem sucesso, e ele ainda tem a brutalidade de continuar me esfregando. “Ótimo”. Não consigo me concentrar, não consigo entender física óptica, refração da luz, etc etc etc. Mas ok.
Então você não consegue se conformar que você não pode ser perfeita em tudo, que não consegue nem mesmo guardar os sentimentos e as lembranças que o maldito e traidor vento trouxe. Não consegue se dominar, se sente pisoteado, destroçado e definitivamente acabado com ela. E vêm novamente a involuntária vontade de fazer mais uma novela mexicana de dramas inexoráveis. Se sente um inútil por nem mesmo conseguir dominar ou simular as suas próprias e malditas emoções.
Dá dois passos para a frente, um para trás, dois para frente, e de repente dois para trás, e você avança e dá um passo pra frente, mostrando quem é que manda. Sempre assim. 
É um ciclo vicioso, que irá perdurar durante uma vida inteira. É uma novela mexicana que nunca acaba.

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