23 de agosto de 2012

Jardim de Outono

Sentei no banco de madeira do jardim da sua casa. Jardim que você plantou e cuidou. Chovia muito naquele verão, a casa esteve inundada por alguns dias por uma água de gosto salgado. Todos estavam um pouco inundados. Catástrofes naturais não costumam nos pegar prevenidos. E mesmo que estejamos, nunca estamos o suficiente. 
Quando chegou o outono, as folhas secaram, estavam todas espalhadas pelo chão como numa casa abandonada. Não sabia onde você estava, não me avisou quando voltava. Foi embora pela manhã. Não deu tempo de dizer adeus. Se passaram meses, um ano. Como que por uma afinidade, percebi que estava como a casa. Mas você estava ali. As células desprendidas estavam espalhadas, no ar, na terra, comigo, com as folhas, estava entrando na boca do passarinho agora, e logo estaria em um lugar distante. Estavam em qualquer lugar. Estava completando o ciclo da natureza.