6 de novembro de 2011

Poliana.



Poliana se engasgava com lágrimas com a intenção de evitar que elas extrapolassem e chamassem a atenção de curiosos. Sangrava por dentro e quem sente dor não costuma rir. Mas ela ria, e ria alto. Ria da sua própria dor, ria na cara dela.
Não poderia deixar tantas portas se fecharem para sempre na sua frente. Então engolia o passado, o choro salgado e descontrolado, engolia sangue e engolia a chave que havia usado para trancar a sua caixa de recordações. Ainda não foi feita a digestão. Enquanto isso, atravessava portas e trilhava caminhos. Eram muitos. Uma imensidão. Ás vezes se perdia, remetia passos para voltar, mas tornava a seguir adiante outra vez.
Enquanto caminhava por estradas esburacadas, por vezes alguém lhe dizia que o caminho era longo demais, e lhe aconselhava a voltar. Não importa o quão longe seja, a única coisa que desejava era chegar ao seu tão sonhado destino, por mais que seus passos estivessem já trôpegos, por mais que seus pés estivessem machucados. 
Poliana sempre se perdia. Perdia a si mesmo. Os caminhos volta e meia imitavam um labirinto, mas Poliana tentava encontrar o caminho certo, tentava encontrar a si mesma.