26 de setembro de 2011

Madrugada sabor tempestade.


E eu pensando que havia soprado a tempestade pra longe, mas me parece que o lugar onde ela tenha se assentado não era seguro o bastante, então ela veio novamente ao meu encontro. Certamente pegou carona com o vento. Sim, O VENTO. Ou talvez ela não tenha se assentado em lugar nenhum. Porém agora ela parece ter se acalmado, não quis pousar sobre meus ombros cansados, mas ela veio ao meu encontro, ela está aqui, na minha frente. Pelo que vejo, o meu sopro não foi forte o bastante da última vez que a mandei ir embora. Por favor, vá. Siga o seu caminho. Não me atormente, as nuvens já estão densas demais. 

25 de setembro de 2011

Maldito vento, maldito física e maldita novela mexicana.

Decepções, arrependimento, remorso, saudade, e como acompanhamento de um louco desesperado, vem a vontade de se matar. Toma todos os calmantes que há dentro do fundo da gaveta, sem avisar à ninguém da família que corre risco de morrer por overdose. Então você engole os comprimidos, sente o coração bater mais rápido, começa a suar, e pensa: “Pronto, vou morrer mesmo! Mas eu não quero isso pra mim! Socorro o que que eu faço?!” Daí você assusta a família inteira, recebe uns puxões de orelha, é chamado de desequilibrado, é obrigado a tomar injeções. E começa a perceber que essa não é a melhor ideia para se suicidar, aliás você percebe que não queria se suicidar na verdade.
Depois de algum tempo você supera tudo, não tem mais vontade de se matar e nem mesmo de se automutilar, você percebe o sentido da vida, tem aquela maior vontade viver, e consegue enxergar felicidade até mesmo nos seus defeitos. Que vida bela, cor de rosa, que A-LE-GRI-A! Então os quilômetros decidem me distanciar das pessoas que eu convivi durante muito tempo, ele decidi criar barreiras, e ainda escreve grande na minha testa a palavra saudade. Ok, eu consigo superar isso também, além é claro da saudade de saber que nunca mais poderei ver/ouvir a voz/sentir o cheiro da pessoa que eu mais amo, a pessoa que me levou para conhecer lugares novos, que trazia livros de presente, que deixava eu tomar sorvete com pneumonia, que trazia cookies de chocolate na hora do almoço, que chegava de viagem com a barba por roçar no meu rosto, que me levava para viajar, meu amigo, meu companheiro, a pessoa que me gerou. Você tenta enterrar tudo com blocos de concreto, tenta não lembrar de nada, deixa tudo guardado em uma caixa velha trancada às chaves. Mas o vento, o vento que era meu amigo, meu companheiro, meu refúgio, meu PONTO DE PAZ, decide trazer as lembranças que deixei trancada ás chaves e enterrada com blocos de concreto, mas o vento então (até o vento!), trai a minha confiança, trazendo todas elas de volta como pedra na minha cara, eu me desvio sem sucesso, e ele ainda tem a brutalidade de continuar me esfregando. “Ótimo”. Não consigo me concentrar, não consigo entender física óptica, refração da luz, etc etc etc. Mas ok.
Então você não consegue se conformar que você não pode ser perfeita em tudo, que não consegue nem mesmo guardar os sentimentos e as lembranças que o maldito e traidor vento trouxe. Não consegue se dominar, se sente pisoteado, destroçado e definitivamente acabado com ela. E vêm novamente a involuntária vontade de fazer mais uma novela mexicana de dramas inexoráveis. Se sente um inútil por nem mesmo conseguir dominar ou simular as suas próprias e malditas emoções.
Dá dois passos para a frente, um para trás, dois para frente, e de repente dois para trás, e você avança e dá um passo pra frente, mostrando quem é que manda. Sempre assim. 
É um ciclo vicioso, que irá perdurar durante uma vida inteira. É uma novela mexicana que nunca acaba.

19 de setembro de 2011

Primavera.



Primavera chegou. Não a primavera necessariamente dita, mas a primavera que eu mesma trouxe presa por alguns de meus cordões. Trago ela juntinha de mim como se ela fosse meus balões de aniversário, tomarei todo o meu cuidado para que eles não se soltem, e não estourem quando a pressão for grande demais. 

4 de setembro de 2011

Pés trilhados.



Para onde você vai? Eu não sei, sigo um caminho cheio de ramificações, e deixo os meus pés livres para escolher o caminho onde desejam trilhar. Não sei se sigo aquele ou este lugar, não tenho planos, tenho apenas sonhos, e meus pés estão livres para trilhar. 
Não tenho nenhum mapa em mãos, não sei nome de lugares, não sei distância, não sei nenhuma condição matemática ou geográfica. Não sei se sigo a direção norte, ou sul, leste ou oeste, na verdade nem sei mesmo onde estou. Me perdi na devassidão de um mundo cheio de sonhos.
Eu deveria estar lutando pelos meus objetivos materiais, que é o que a sociedade faz, deveria ter acordado e encarado o trânsito corriqueiro, as pessoas mal humoradas, para depois chegar em casa depois de um longo dia cansativo, e no final do mês eu receber a minha recompensa. E nesse meio fio eu iria acumular meu capital. E quando já me desse conta, anos iriam se passar, e tudo o que soube fazer, foi ter me preocupado com a quantidade de capital. Mas desde quando eu ligo para os padrões da sociedade? E desde quando a vida é feita somente de objetivos materiais?
Onde mesmo eu estava? Ah sim, voltando para minha estrada. Não sei que estrada, não sei se estava realmente voltando, ou se estava indo de passagem. Mas ao contrário do resto do universo, não esqueci de viver, não esqueci a quantidade de coisas que o mundo esconde, e que muitas pessoas ainda não descobriram. 
Meus passos não são apressados, na verdade eu não tenho pressa, enquanto os meus pés trilham por si mesmos, eu observo o mundo ao meu redor, e que mundo!