13 de outubro de 2011

Árvore testemunha.



Estava andando pela estrada quando olhei para as colinas, e me lembrei de quando ainda éramos um do outro... me lembrei de quando caminhávamos até lá, e ficávamos esperando o sol tímido aparecer. Mas não pense que chegar ao topo da colina foi uma tarefa fácil. Não foi. Mas aquilo era o cansaço mais perfeito que eu poderia sentir. Deixemos de lembranças... elas não vão fazer com que tudo volte a ser como era antes.
Não quis dar o trabalho de subir as colinas, o cansaço não iria ser perfeito. Você não estava mais comigo. E o amanhecer não teria as mesmas cores. Venho aqui, estou só, nada é a mesma coisa.
Me lembrei da árvore, a árvore que continha os nossos nomes gravados. Aquela árvore foi testemunha do nosso amor. Como sou atrevido! Me arrisco a derrubar algumas ou uma porção de lágrimas pela grama. Oh! Me desculpe dona grama! Essas coisas do coração eu não consigo controlar!
Mas vejamos o que interessa, o que sacie a minha curiosidade: a árvore. Eu estive procurando a árvore testemunha quando me ocorreu uma ideia: E se a árvore não mais existisse? Pois como sabes, as árvores também são vítimas do homem! Ela poderia ter sido derrubada, justo ela que foi nossa sombra, justo ela que continha meu nome junto ao seu. Lá está ela! Está viva! A árvore testemunha, um pedacinho do nosso amor, escondida entre as suas amigas, escondida entre as colinas. 
...
Volto para minha estrada... cambaleando, pois minha visão está embaçada, e estou aborrecendo a dona grama com as minhas lágrimas descontroladas. Espero que ao menos ela me entenda e me perdoe...
Estou cansado, e esse cansaço de agora é como uma facada nas costas. 
Queria que isso fosse um pesadelo, e queria ser acordado por você deste sonho ruim.


(Imagem de Kurt Halsey Frederiksen)

5 de outubro de 2011

Agridoce.



Talvez o sabor da lembrança seja agridoce. Agridoce como o teu perfume. Talvez a cor da lembrança seja cor de amêndoa, a cor dos teus olhos. Talvez a sensação da lembrança apesar de agridoce, seja áspera, áspera como era o roçar da tua barba mal feita no meu rosto. Talvez a lembrança seja isso, tenha sabor fundo de mel, mas é áspera como espinhos pontiagudos roçando no peito. Eu preferia o roçar da tua barba mal feita...